Olá Olá,
quem viu o post do desafio (aqui), o autor do mês de Janeiro era o José Rodrigues dos Santos. Calhou bem, porque recebi no Natal do marido o livro
Por acaso quando delineei a listagem de autores, estava mesmo a pensar no livro Flores de Lótus, mas veio este primeiro e assunto resolvido.
José Rodrigues dos Santos é para mim o Dan Brown português. Enquanto o Dan Brown na parte histórica aborda assuntos mundiais na perspectiva americana, JRS aborda os mesmos assuntos na perspectiva e nos interesses portugueses. Este livro é mais uma prova disto mesmo.
Não sei se JRS alguma vez se inspirou em DB, as suas linguagens são idênticas mas ao mesmo tempo dispares. É difícil de explicar, acho que só mesmo lendo os dois é que as pessoas conseguem compreender as semelhanças mas também as diferenças na escrita.
A Mão do Diabo, é um romance lançado em 2012, mas penso que os factos por ele abordados à data da escrita, infelizmente continuam em vigor.
Esta história tem, no meu ponto de vista, duas acções distintas e complementares. Num lado temos a acção de romance e aventura do já famoso Tomás Noronha, por outro lado temos uma compreensão desta crise politica, económica e humana em que vivemos.
Uma nota importante é que não é preciso ler outros livros de JRS para percebermos a história do Tomás Noronha. Ou seja, embora ele esteja presente em vários livros do autor, não existe uma sequência ordenada ao contar a sua história. Claro que se lermos todos ficamos a saber mais da sua vida, mas não perdemos o fio à meada da história se não os lermos todos.
No lado do romance e aventura do Tomás Noronha, é abordado o lado humano e pessoal do mesmo. O despedimento, uma realidade que ele julgava impossível no cenário dele, a morte do amigo de infância, o choque cultural que ele vive na Grécia, a relação dele com a mãe doente.
Depois temos toda a explicação da crise que vivemos actualmente. Essa sim, é o que classifica o JRS como o autor ímpar português. Logo no inicio do livro ele afirma e esclarece que toda a informação histórica, financeira e económica são verdadeiras. E isso é o que demonstra que podemos confiar naquilo que vamos ler. Ou seja, que não estamos a ler uma opinião de alguém virado à direita ou à esquerda, mas sim uma análise ao panorama mundial à forma como chegamos, como nos mantemos e quais as opções que o Mundo, a Europa e Portugal enfrentam no futuro próximo.
Ao vermos as noticias diárias, ao ouvirmos os nossos políticos a falar, muitas vezes somos confrontados com realidades diferentes. Ficamos muitas vezes sem perceber quem está a falar a verdade e quem está a mentir, ou melhor, quem mente mais e quem mente menos. Porque mentir todos eles mentem. E é aqui que o JRS com vocabulário simples, com termos explicativos nos mostra o background da crise, da politica e do mundo de forma nua e crua.
Este livro não é um romance politico, e essa é mais uma das maravilhas da escrita de JRS, ele decifra-nos todo um mundo desconhecido, mas de uma forma leve, clara e que quando damos por ela estamos a perceber muito mais sobre aquilo que nos rodeia.
Vamos ver qual vai ser a minha próxima leitura dele.
Beijinhos,
FM
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